Emídio Carvalho e o cancro

Emídio Carvalho, que há algum tempo linkamos no nosso blog, criou e desenvolve um dos mais interessantes projectos portugueses de desenvolvimento pessoal e cura, em torno do conceito de sombra. Vale a pena conhecer melhor aqui o seu trabalho. Também escreve muito bem, sobretudo no seu blog A Sombra Humana. Não resistimos, como tal, a (re)publicar aqui um texto muito interessante sobre o cancro, que inseriu hoje na sua página do Facebook:

O que não é dito ao doente com cancro

Há muita desinformação relacionada com esta doença. 


É um facto que o nosso corpo diariamente produz células cancerosas. Se o sistema imunitário estiver a cumprir o seu trabalho, estas células são destruídas. O problema surge quando estas células não são destruídas.


Muitas vezes um cancro surge como método escolhido pelo corpo para lidar com uma determinada situação e, logo que a situação seja ultrapassada, o cancro entra em remissão espontânea. O problema é que é praticamente impossível saber quando um cancro está apenas a desempenhar uma função de protecção e quando não.


Saber a causa de um cancro é determinante para a sua cura definitiva. Isto também nem sempre é fácil. Contudo, no caso de adultos, a maioria dos cancros têm uma causa emocional bastante acentuada. Em todas as pessoas com quem estive até hoje, diagnosticadas com cancro, descobri um profundo sentimento de ressentimento, mágoa, vergonha e um desejo profundo que algo do seu passado não tivesse acontecido. A emoção mais difícil de tratar é o ressentimento. Este cura-se única e simplesmente com o perdão dirigido à pessoa que causou os danos. E não é fácil perdoar. Há o perdoar intelectual. Este é fácil.


Mas o perdoar a partir do coração, o perdoar acompanhado de lágrimas, o perdoar em que temos coragem de abraçar aquele que nos magoou e desejar-lhe toda a bondade e amor da vida, esse é o perdoar difícil. O processo de perdoar pode ser lento e doloroso. Temos que ver que a pessoa que nos causou danos foi, ela própria, danificada. Só é incapaz de amar aquele que nunca foi amado. E a maior parte das pessoas nunca foi amada. Quase todos nós, na infância, experienciámos o amor condicionado. É o único amor que muitos conhecem. Daí o esforçarmo-nos tanto por agradar aos outros: inconscientemente aprendemos que só somos merecedores de ser amados quando somos pessoas boas. 


Decidimos assim reprimir a raiva, o medo, o despeito, a ignorância, a culpa e a vergonha. Porque queremos que os outros gostem de nós. Não por sermos quem somos, mas por sermos pessoas boas.


O maior entrave à cura é o estado de negação em que muitas pessoas se encontram. Quando lhes é perguntado sobre a sua infância atiram imediatamente a resposta que garanta serem julgadas “pessoas boas”. 


A pergunta, que pode causar dor, é esta: se é uma pessoa boa porque se está a tratar tão mal a si mesma?


Nós ainda acreditamos que alguém nos virá salvar. Alguém irá tirar-nos do nosso sofrimento. Ninguém nos pode salvar se nós não nos quisermos salvar primeiro. A pergunta que temos que nos fazer é esta: quem errou comigo? Quem é que eu estou a culpar pelo estado em que me encontro? E estar disponível para as respostas.


Há quatro atitudes humanas que são a causa da maioria do sofrimento: a justificação, a negação, o ressentimento e a culpa. 


Apesar de já desconfiar, depois de ler “A Cabana” fiquei esclarecido: cada justificação nossa serve para encobrir uma mentira. Quando se apanhar a justificar o que quer que seja pergunte-se: qual é a verdade que estou a esconder?


A negação é a atitude de fazer de conta que está tudo bem. Quando não está. O estado de negação leva-nos a proferir afirmações como “faz parte do processo” ou “no fundo fui eu quem criou a situação”. Isto impede-nos de ir para além da dor. É aquela atitude de “está tudo bem” quando o nosso coração se encontra ferido para além do imaginável.


O ressentimento mantém-nos presos à pessoa que nos magoou. É como se estivéssemos com as nossas mãos a apertar o pescoço da pessoa que nos causou danos. E jamais estaremos livres dessa pessoa enquanto não formos capazes de a olhar nos olhos e dizer-lhe “Eu perdoo-te”. Mas perdoar com o coração é ir mais longe. É abraçar a pessoa que nos causou danos e desejar-lhe, do fundo do coração, o melhor que a vida e o amor têm para oferecer. Só aí estaremos livres. Não perdoamos porque queremos que a outra pessoa seja punida. Esquecemo-nos que a vida se encarrega desse pormenor. Mas enquanto não perdoarmos estaremos sempre acorrentados a quem nos causou danos. E iremos sofrer continuamente, amarrados a um passado que não voltará mas que será sentido todos os dias.


A culpa tem por objectivo apontar o dedo a quem nos causou danos. Rouba-nos poder. Se eu estou onde estou na vida por culpa de outro, então o outro detém poder sobre quem eu sou. E infelizmente vivemos numa sociedade de pura vitimização. Há sempre alguém a quem podemos processar, ou acusar, ou criticar, ou de quem nos podemos vingar. 


Há um ditado tibetano curioso: “se queres ser feliz por um dia, vinga-te de quem te fez mal. Se queres ser feliz todos os dias, perdoa quem te fez mal”.


Voltemos ao cancro.


As células cancerosas têm necessidades nutricionais muito específicas. Sobretudo precisam de açúcar e proteína animal. Eliminar estes dois produtos da dieta é uma garantia de obrigar as células cancerosas a passar fome. Em realidade as células cancerosas são extremamente frágeis. Muito mais do que as células saudáveis.


O calor. O nosso corpo tem uma forma de combater invasores que possam interferir com o seu bem-estar: aumentar a temperatura corporal. A maioria das bactérias, vírus, e células cancerosas, só conseguem multiplicar-se e existir dentro de parâmetros muito exactos. A febre é um mecanismo de defesa incrível. Garante a destruição de qualquer agente agressor. Tanto quanto sei, todas as pessoas cujos cancros entram em remissão passam por uma fase de um ou dois dias de febres muito altas. A temperatura elevada garante a destruição das células cancerosas. Combater a febre é um erro. É um erro porque estamos a interromper um processo natural. Há apenas 3 situações em que é importante interromper um estado febril: se a pessoa começar a alucinar, se a febre ultrapassar os 40 graus centígrados ou se se prolongar para lá de 3 dias. A primeira ferramenta que podemos utilizar para baixar a febre é a couve. Colocar folhas de couve nas virilhas, axilas, pescoço e testa. Quase sempre funciona. A couve é um antipirético natural bastante eficaz. Toalhas humedecidas também aliviam. As drogas devem ser sempre a última linha de defesa e nunca a primeira!

Emídio Carvalho

Comentários

Norma Villares disse…
Tem selinhos pra você no "Ecos da Alma".
Abraços