Meditação

Vindo para o centro

"Tente observar uma aranha. A aranha tece a sua teia em qualquer nicho conveniente e, depois, senta-se no centro e fica quieta e silenciosa. Mais tarde, uma mosca vem e pousa na teia. Assim que ela toca e abana a teia, "boop!" - A aranha salta sobre ela e envolve-a nos fios. Ela retira-se para guardar o insecto e regressa para se posicionar silenciosamente no centro da teia.

Observar uma aranha desta forma pode dar origem à sabedoria. Os nossos seis sentidos têm a mente no centro, cercada pelo olho, ouvido, nariz, língua e corpo. Quando um dos sentidos é estimulado, por exemplo, uma forma contactando o olho, ela agita e atinge a mente. A mente é aquilo que sabe, aquilo que conhece a forma. Apenas isto é suficiente para a sabedoria surgir. Isto é simples.

Como uma aranha na sua teia, devemos viver cuidando de nós próprios. Assim que a aranha sinta o contato de um insecto com sua teia, ela agarra-o rapidamente, amarra-o e volta novamente para o centro. Isto não é nada diferente das nossas próprias mentes. "Vir para o centro" significa viver atentamente com compreensão clara, estando sempre alerta e fazendo tudo com exactidão e precisão - isto é o nosso centro. Não há realmente muito que possamos fazer; nós apenas vivemos cuidadosamente desta forma. Mas isto não significa que vivamos inconscientemente a pensar: "Não há necessidade de fazer meditação sentada ou a caminhar!", e esquecermos assim tudo sobre a nossa prática. Não podemos ser descuidados! Devemos permanecer em alerta como a aranha que espera para apanhar os insectos para se alimentar.

Isto é tudo o que temos que saber - sentar e contemplar essa aranha. Faça muito isto e a sabedoria poderá surgir espontaneamente. A nossa mente é comparável à aranha, as nossas emoções ou impressões mentais são comparáveis aos vários insectos. Isto é tudo o que há! Os sentidos envolvem e estimulam constantemente a mente; quando qualquer deles contacta alguma coisa, isto imediatamente alcança a mente. A mente, então, investiga-o e examina minuciosamente, após o que retorna ao Centro. É assim que ficamos alertas, agindo com precisão e compreendendo sempre conscientemente com sabedoria. Isto é o bastante e a nossa prática está completa."

Ajahn Chah in Bodhinyana

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